Livro: David e Golias
A primeira coisa que você precisa saber é que este livro NÃO é sobre religião. É sobre negócios e desenvolvimento pessoal e profissional. A famosa passagem bíblica de David e Golias está lá para nos ensinar muito sobre ter autoridade, autoconfiança e como vencer gigantes. Se você se sente o menor, diante de desafios grandiosos, será que tem realmente chances de triunfar? De acordo com a visão de Malcoln Gladwell, autor de vários bestsellers, entre eles este livro, “Davi e Golias” e “Fora de Série”, SIM.
A história conta que, no Vale de Elá, dois exércitos oponentes estavam posicionados nas extremidades. Para guerrear, tinham que descer até o vale, mas era uma estratégia perigosa, porque poderiam ser atingidos pelo inimigo. Então, os exércitos tinham como hábito mandar alguns de seus maiores guerreiros para um duelo que definia o vencedor.
David e Golias
Na história de David e Golias, estavam os filisteus e os israelitas prontos ao combate no Vale de Elá. Os filisteus tinham Golias, um gigante que já vencera diversos duelos. Do lado dos israelitas, ninguém tinha coragem de enfrenta-lo. Então, Golias passou a ofender e humilhar o exército oponente. Então, surge o pequeno Davi, que era pastor de ovelhas, designado pelo pai, Jessé, a levar comida ao acampamento onde estavam três de seus irmãos e se informar sobre a batalha. Ao chegar lá, sentiu-se ofendido e humilhado por Golias, que há 40 dias desafiava o exército israelita a confrontá-lo.
Sabendo da recompensa em ouro e da promessa de casamento com uma das filhas do rei, David se apresenta ao Rei Saul, disposto a não levar desaforo para casa. Sua confiança vinha do combate com ursos e leões, quando pastoreava suas ovelhas. O rei, diante da valentia do pequeno pastor, o paramenta com roupas de combate – vestes e capacete. Mas David resolve retirá-las e enfrentar o gigante com uma funda – uma espécie de atiradeira – e cinco pedras lisas que ele escolheu em um rio próximo do local.
Golias, além de gigante – de acordo com a bíblia, tinha 2,90 metros e vestia uma armadura com mais de 50 kg – era muito preparado para o combate. David, pequeno, com roupas simples, com seu cajado e a funda, vence o duelo. Malcolm Gladwell traz uma análise desta batalha, baseada na leitura de detalhes da passagem bíblica. Essa parte, muito interessante, vou deixar para você descobrir na leitura. É um dos pontos altos deste livro! Mas vou dar uma pincelada em vários outros aprendizados que o autor traz ao esclarecimento.
Transformar desvantagem em vantagem
Malcolm Gladwell traz, com essa história, a questão de que nem sempre uma grande vantagem é sinônimo de triunfo. Vai além disso, de que azarões que trazem inteligência, vivência e estratégia podem ser muito bem sucedidos em seus negócios. Ele lembra, por exemplo, que muitos presidentes de grandes corporações (CEO ou Chief Executive Office) são disléxicos, ou seja, tem uma perturbação na aprendizagem por dificuldade na leitura e escrita. Por causa desta situação, passaram por estratégias diferentes em sua formação e essa aparente desvantagem foi transformada em uma poderosa arma a leva-los a posições de muito sucesso.
Segundo Gladwell, crianças com infâncias desfavorecidas tendem a crescer como adultos mais preparados do que outras que foram mais abastadas e despreocupadas. Da mesma forma, ocorre com restrições físicas ou mesmo cognitivas. Deficientes visuais, por exemplo, tendem a desenvolver a audição superior aos de visão normal, enquanto os deficientes auditivos tendem a ter uma visão mais acurada, de forma que se adaptaram para compensar suas acuidades para autodefesa e sobrevivência. Disléxicos, por exemplo, tendem a se ater em detalhes e têm boa memória, pois precisam ler mais lentamente e prestar mais atenção às atividades.
Justa medida
Existem muitos conceitos interessantes neste livro. Por exemplo, a teoria da curva do U Invertida, que traz a correlação entre ter muito de alguma coisa ou muito pouco. Por exemplo, no Brasil, é muito corrente a ideia de que quanto menos alunos em uma sala de aula, melhor o aprendizado. Nesta análise, ter pouquíssimos alunos quebra a ideia de diversidade e assim também diminui as oportunidades de aprendizado e troca de informação, experiências e o debate, afetando a construção do conhecimento coletivo. Por outro lado, ter um volume muito grande também é prejudicial, pois nem sempre é há tempo suficiente para aprofundar na maior quantidade de ideias que podem surgir ao longo da aula.
Também na questão do dinheiro, a teoria da curva invertida é aplicada pelo autor. Ter muito dinheiro desde o nascimento faz com que a pessoa tenha pouca vivência com a escassez e com o aprendizado de multiplicação de recursos. Por outro lado, ter pouquíssimo dinheiro impossibilita vivências que tragam uma visão mais ampla. Tanto no exemplo da sala de aula quanto no dinheiro, Gladwell salienta que existe uma justa medida em que os resultados são melhores.
Aprendizados
Muitas lições são obtidas desta leitura. Por exemplo, a questão de usar a desvantagem para buscar novas estratégias. Superar as próprias dificuldades trará melhor autoestima. Gladwell também ensina que estar fora do padrão está longe de significar derrota. Ele traz como exemplo, diversos exemplos de pessoas que subverteram a “ordem”, venceram preconceitos e alcançaram a glória, criando suas próprias soluções.
Esta leitura é bastante agradável e traz uma visão bem interessante sobre como uma visão estratégica pode ser mais importante que a força e o poder. David teve a visão estratégica de atacar com a pedra, golpear a cabeça do gigante Golias e, assim, decepá-lo quando este caiu ao chão (ah, Nakamura, você contou o ponto alto do livro? Não, não. Isto está descrito no livro). Gladwell traz uma análise de como David pode ter visto a situação e porque ele viu a possibilidade de, mesmo sendo mirrado, sem armas e armaduras, vencer o gigante guerreiro preparadíssimo e, assim, pavimentar o caminho que o levou a ser o Rei dos israelitas.
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